A perda de um par de botas.

sexta-feira, 25 de junho de 2010
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Não concordo com o pobre ditado "A gente só da valor quando perde".

Eu cresci com a ideia de construção, de soma e de apreço. E esses três valores tornam as pessoas e objetos conquistas únicas. Então, nunca precisei perder para dar o "tal valor" e em seguida entregar o termo de importância. Muito embora, no dia de São João (24 de junho) eu tenha perdido um par de botas que me trouxe uma junção de sentimentos.

A perda que quero falar não remete a competição: derrotar /ganhar / vencer ou perder.

A que me refiro é aquela a qual você não precisa está pronto para entrar em um campo de batalhas ou até mesmo tirar do outro a vitória. É uma perda de arraque, que não estanca, que fere e amordaça.

Preciso narrar alguns fatos. Eis que resolvo visitar os meus pais em Estância, para tanto foi necessário arrumar as malas, lançar uma lista, correr para um táxi rumo a rodoviária e aproveitar a paisagem tão conhecida pelos meus olhos.

A diferença esteve entre a minha responsabilidade, a companhia e um par de botas que nunca mais será visto.

Entre o desembarcar do ônibus, o levante de malas e sacolas, uma bolsa fica para trás, toma um outro caminho: a cidade de Tobias Barreto ou quem sabe Umbaúba, Itabaiana.

Até que ao chegar notei que faltava algo. Notei que uma das bolsas não estava por perto. Questionei por meio de descrição se alguém a tinha visto. Nada. Por estar eufórica com a presença de meu bem querer, a mente só fora registrar o que tinha dentro do embrulho de plástico no finalzinho da noite junina.Uma dor de cabeça que me assolava desceu ladeira e se instalou no coração que deu a pulsar na velocidade da luz e intensidade dos dias de sol. Precisei por a mão no peito, baixar as palpebras, acreditar que era mentira e eu logo estaria com o par de calçados nos pés.

Subi com uma dificuldade alguns degraus para encontrar a minha genitora e contar lhe o fato. Nada rendia um consolo. Nenhuma palavra. A noite se tornará inútil, mascarada. E eu? Mal humorada.

A chateação se tornou maior, proporcional a um rinoceronte, e logo dei-me conta que o "meu" par de botas era novo, curitibano, um presente meu, um presente que cabe em um álbum de fotografias, cabe na alegria das companhias e em momentos que não serão revividos.

Sucumbi. Fiquei frágil, no entanto, a necessidade de mostrar um sorriso deu as cartas. Tirei do episódio um aprendizado ímpar: é preciso usar e abusar do que temos, do que somos, numa espécie de última oportunidade.






Escrevendo para o João lembrei do José.

quarta-feira, 2 de junho de 2010
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O São João, santo e de sobrenome Batista, aquele mesmo: filho de Isabel, irmã de Maria. É de quem mais sinto falta durante todo o ano. É quem mais espero.
Antes de continuar, peço aos outros santos (Pedro, Paulo e Antônio) que não fiquem chateados. No meu coração cabem todos. É que o João é meio que um líder nessa história de festejos juninos, é ele que empresta o nome durante um mês e pouquinho.
Pedido de desculpas efetuado. Sigo.
João, antes de tudo perdoe-me a intimidade, mas isso é coisa de gente estanciana, que nasce com um buscapé em uma das mãos e em uma outra com um milho cozido. Para mim, estanciano que é estanciano, não nega um bom show de luz e cor. E, claro, uma boa comida tipíca.
Oh, João. Como fico feliz ao acender uma fogueira, ver quadrilhas e suas vestes coloridas.

Ai. Volta tudo. Quase saiu poesia.

Quis dizer: Eitxa que espero São João o ano todo. Espero comer o mingau de puba (que só a minha vó e a minha mãe sabem fazer... rs), o milho e a calabresa assados na fogueira. Sem contar que ver os fogos me deixa com uma satisfação. Um orgulho besta. Até porque a minha Estância é dona do título 'Capital do Barco de Fogo'.

E adepta a tudo que oferece e remonta a história - dou continuidade:

O período junino tem todo um aspecto que é gerador de conhecimento. Gostaria de saber de tudo, um tudo que não deixasse dúvidas.
Exemplos? O porque do acender da fogueira, o uso de vestido feito de recorte, o comer do milho...

Meu Deus! Deixo essas dúvidas de lado. Quase arrumo uma confusão no arraiá do céu. Esqueci. Esqueci. Juro que sem maldade. Esqueci do José. O Zé que abençoa a colheita do milho. Só foi falar em milho que do Zé lembrei.

Também puderá o José é de todos os santos o que não tem um dia exclusivo no mês de junho. 19 de março é totalmente fora do contexto. Alguém me explica porque fizeram isso com o São José!
Olha. Só agora resolvi o título do post, e esse surgiu pela falta de lembraça do Zé. Assim fica mais fácil me desculpar.

Vou contar um pouquinho da história do moço-santo.
Reza a lenda que se chover até o dia de São José, o inverno no nordeste será caprichado, portanto, a colheita do milharal será das melhores. "Entonce" descobre-se que: o Zé, é o responsável pelo "tantu" de comida gostoza feita a base da massa amarelinha. Se o cabra não manda chuva até o seu dia.
Esqueça nada de canjica, pamonha, cural... Milhinho assado... Nada... Nem pipoca!
Então trate você também de reconhecer a impotrtância do José. Lembre dele quando der de cara com o João, mande lembrança e diga que não o esquece.

Não esquecerei dos cumprimentos. Eu é que não quero ficar sem saborear um mungunzá com leite de coco.