Quando se está solteiro é provável que se olhe
para muitos lados e não existe problema quanto a isso. Se não temos alguém para
admirar, porque não aproveitar aquele tempinho para observar quem corta nosso
caminho?
Entre uma conferida, um comentário e uma passeada
por gente que conhecemos e ambientes que frequentamos, assumimos um papel
avaliativo bastante condenatório. Somos capazes de julgar o outro por inúmeros
fatores e produzir análises frias daquilo que os olhos captaram em frações de
segundos.
O ser humano se coloca em condições nada
favoráveis ao outro quando se quer atingir um perfil pré-estabelecido. E essa
busca por alguém com características definidas é tão 'natural' que passamos
despercebidos pela agressão que aplicamos ao outro ao dispor de uma lista de
particularidades e predicados. Como se essa catalogação nivelasse algum grau de
excelência a ser atingido por aquele que venha a preencher nossas entranhas
amorosas.
E exemplifico isso numa facilidade aterrorizante.
Circulo entre amigas tradicionais que pretendem vivenciar todo o ritual de um
casório até aquelas alternativas, que nem se imaginam mães. E daí? Consigo
visualizar claramente o comportamento arraigado, sustentado por convenções
sociais nada promissoras. Sou do contra? Até pode ser. Mas tenho argumentos que
costumam ser levados em consideração por quem inicialmente não concorda comigo.
Apontando esse ou aquele 'defeito', o time rosa
sempre chega aos seguintes pontos: o físico e/ou o bolso.
Incrível como tudo parece girar em torno do
visual e do aspecto financeiro e facilmente deixar todas as outras questões de lado,
ignorando aquilo que, se dada à oportunidade de conhecer, nos servirá muito
mais.
Numa dessas falações toda, foi apontada a
possibilidade de uma das amigas, que compõem um grupo de cinco, se relacionar
com um figura conhecido por apenas duas delas. A reprovação e as defesas contra
o rapaz foram as mais discriminatórias que se podem imaginar.
Aquelas que não o conheciam verbalizaram que ele
a pediria em casamento após o primeiro beijo, que o moço jamais encontraria uma
mulher (do porte dela) que permitisse abertura... Que seria motivo de
canonização o ato de dar uma oportunidade ao mesmo... E tantas outras
colocações preenchidas de juízo antecipado. De deprimir.
Estarrecida e não convencida pelo discurso calei.
Dei conta do tom das brincadeiras de péssimo gosto e da afiada repulsa a ideia
do rapaz de se tornar namoradinho da nossa companheira. E só pude constatar
isso por ser uma das criaturas que o conhecem de fato. Foi constrangedor.
Difamatório. Não que eu nunca tenha sido discriminatória. Não. Não preciso
informar da minha acidez barata quando tiro alguém para Cristo sendo
crucificado. Menos ainda afirmar sobre a minha ávida forma de criticar aquilo
que tem propensão de ser melhorado sem muito esforço. Mas partir, sem prévio
conhecimento a julgamentos... Não é do meu feitio. Não condiz com minha
conduta.
Quis dizer as opositoras à relação fora dos moldes
sociais, que talvez o motivo pelo qual, todas, todas estavam soltas pelo mundo (sem
nem um sapato cansado para calçar, inclusive eu), podia ser essa ‘coisa’ de
buscar no outro aquilo que vem sendo posto como padrão. Talvez nem tenhamos
nos dado conta que estamos contaminadas por conceito prontos, receitinhas e
fórmulas de perfeição.
Por acaso, em minha leitura semanal, Ivan Martins
(um dos meus colunistas pre-fe-li-dos rs) me surpreende, como tantas outras
vezes. Sustenta meus argumentos, de forma semelhante, com propriedade e
autenticidade. Só acrescentando e pondo ainda mais tempero à discussão. É como
se ele dissesse a mim que não estou a defender uma ideia desfalecida e absurda.
Dei pulos de satisfação.
Assim, sugiro que façam essa deliciosa leitura e
apreciem as linhas do Ivan, intituladas de Fora da Caixa. Garanto que gostará!
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