Casal, bora conversar?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011
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Ontem, para variar o finalzinho de domingo, fui até a um restaurante comer um sushuzinho, ou melhor,  algo em torno de um quilo... Está bem! Ninguém pode dizer que isso é normal, mas e daí? O meu "bucho" aguenta ou finge que aguenta, então está tudo certo.
...
Acompanhada do meu quase-marido estendemos o convite a um conhecido, que na atual conjuntura passa por uma situação chata, prefiro até chamá-la de feia.
Vamos a descrição do ser: Charmoso, dono de algum trocado e um humor inteligente. Ostenta seus 30 e alguns anos... Filho de estanciana,  e pasmem, honesto.

Ah, gente! Claro que tomei meu remédio inibidor de sandices. Acontece que encontrar homem honesto na praça está praticamente semelhante a busca dos jornalistas por salários justos ( quem é da área ou tem algum conhecido, sabe do que estou falando).

Sempre mirando o prato abarrotado de sushis ouvi o discurso honesto e cheio de dores daquele cidadão. Enquanto mulher, fiquei imaginando a confusão sentimental vivida por alguém que não me parecia ter o minimo de trato com o assunto. Era muita informação para alguém que fazia do coração um depósito. Preferi deixar de lado a saia e retomar o perfil pouco feminino de avaliar casos do coração.

A narração era inacreditável. Hora dava detalhes da vontade de formar um núcleo familiar, da necessidade de compor uma nova fase... Depois diagnosticava com precisão o porque do término, no dia anterior, de um relacionamento de quatro anos.

Sinceramente, fiquei triste. Porque tem momentos que nos permitem assimilar a realidade e nos predemos a pessoas e justificativas isoladas. Deixamos ser corrompidos por falsas ideias de respeito e oportunidade. Comparamos o atual com o passado. E só depois nos damos conta que falhamos, que poderíamos ser mais confiantes e deixar fluir. Acontecer. Ou cortar o laço que desencantou sem adiantar nenhum prejulgamento.

O paragrafo acima pode parecer solto, mas não é. A cada frase do balzaquiano, tomava conhecimento do exagerado cuidado em tonar o "rala-e-rola" confortável, sem surpresas e nada de cobranças. E o pior. Ao falar dela, uma Lulu de bom gosto e observadora, lá estava mais uma vez o cuidado: Elogios e argumentos favoráveis a moça.

Deu vontade de perguntar se valeu a pena. Porque na minha cabeça, não cabe amor e razão. Só cabe o segundo item e ache ruim quem quiser. Esse negócio de avaliar tudo, uma hora da porcaria, deixa a gente de fora da partida. Dá pra usar do sentimento sem culpa? Dá pra apostar mesmo sabendo que lá na frente você pode tomar dois pés no traseiro? 

Eu sigo acreditando que dá. Coração é para isso também ( ficar descompassado de vez em quando). E posso citar o meu caso. Dizer que se até hoje não morri e nem ressuscitei é porque em algum lugar está escrito que podemos mandar bronca nos sentimentos e verificar se prestam para algo. 

Terminei a comilança. Senti o estufar do estomago e do peito.  Ouvi mais algumas saudades e aconselhei viver. Porque não existe culpados ou desculpas. Para um relacionamento funcionar é preciso de dialogo, de questionamento, de cessão... É preciso diariamente ter no olhar do outro um porto seguro e uma porta aberta para redimensionar os medos.

Eu bem sei que... Nada é fácil. E nada do que disse deve ser tomado como regra.
Mas o tempo pode dizer algo melhor. Esse mesmo tempo pode reconciliar ou mostrar que a única garantia de melhoria é quando fazemos uso da coragem e não nos anulamos.